terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Buracos no lençol


Um pouco descomunal amar, as vezes é separar uma parte de um todo, sem motivo.
Um amor que não foi puro, mas por ser incapaz de se reproduzir.

Sentia-me tão protegido e confortado, com o lençol que me abrigava, ele era simples, de baixa qualidade, fino, mas era o único. Não foi pelo preço, além do mais foi um preço muito caro que tive que pagar, para te-lo... e sim porque eu achava que era o mais simples,em tanto era o que iria durar para sempre.
Imaginava uma vida inteira com ele, sempre cuidando para que não depravar-se. Imaginava de mais, não foi suficiente, deveria imaginar que existem cogitações.
Com o tempo as traças surgiram, tentei ao máximo evitá-las, mas o lençol sempre caia no chão, ele não se ajudava, sempre tinha que apanha-lo. Mas uma vez cansei de sempre protege-lo, esse era o papel dele. Tinha me cansado.... mas de repente o vi nos meus pés novamente, tentando me proteger. Fiquei tão feliz em ter o meu lençol, o puxei com total convicção que iria me proteger, e imaginei isso, mas vi que já estava com buracos... buracos os quais se espalhavam em toda sua espessura. Tentava me cobrir e me sentir seguro, não conseguia mais, ele além de ser fino, estava com buracos e dessa vez não imaginei, mas concretizei que não me serveria.
Ainda quero um lençol caro, mas que seja de boa qualidade, talvez internacional, seda pura... talvez esses durem, mas não vou imaginar isso.

E o meu lençol? Joguei fora.

Ivo Rodrigues

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