
Andando numa rua escura e melancólica, com uma nevoa me cegando. Uma rua estreita e antiga feitas de pedras e trilhos de bondinhos, os prédios todos com três andares, antigos a ruínas, só tenho a luz de dois postes e o nascer da lua. Faz frio e silêncio... Só consigo escutar minha respiração ofegante e os meus passos apressados.
Parei enfrente de um prédio que me chamou atenção, ele tinha aparência de velho, como os outros, mas ele era o mais velho, por isso minha ATENÇÃO, era um antigo cinema já fechado, mas ainda tava lá, a bilheteria com os vidros empoeirados e rachados, com ingressos ainda no balcão. As portas vinho com dourado de madeiras podres e descascadas, as luzes que serviam para chamar a atenção para os filmes exibidos, quebradas! Aproximei-me mais e vi que do lado da porta tinha um papel velho e amarelado grudado, continuei aproximando-me para tentar ler as letras já desgastadas com o tempo, e tinha... “Siga em frente que acharas o que procuras, mas não entre no beco sem luz”.
Sai meio assustado e olhando para trás vendo o prédio sumir por conta do nevoeiro. Virei-me para frente e comecei a andar a nevoa na frente quase não tinha, não conseguia olhar para os lados com medo de ver o tal beco sem luz. Minha respiração ofegou ainda mais, estava no meio da rua, tropeçando nos trilhos, de repente uma chuva muito forte começou a desabar, corri para debaixo de outro prédio que dessa vez era um antigo hotel, que na entrada tinha uma lona que terminava até a rua, fiquei lá debaixo morrendo de frio agora. Meus cabelos molhados juntos com meus braços, não chegou a molhar muito por ter sido rápido na escapada. Tentava tirar a umidade do meu corpo, a chuva ainda muito forte, olhava para frente e não via nada... Tão rápida que ela veio mais rápida ela acabou, e com isso deu para os meus olhos agora renovados, enxergar o que estava na minha frente e do pequeno hotel, quando vejo, era ele, o beco sem luz, fiquei pasmo, meu rosto soado e molhado com a chuva e a correria, soando mais por conta do medo. Respirei e andei ate o meio da rua e vi que no final do beco tinha sim uma luz, meu coração quase para quando vi. Continuei andando para chegar mais perto e a luz apagou como se alguém tivesse me visto, dei um passo para trás e me virei para continuar minha caminhada, com agora a rua cheia de poças e mais fria do que antes.
Como todos os meus sonhos sempre acordo sem saber o final, sempre fico frustrado.
Penso agora... O que será que tinha nesse beco? O que era aquela luz? Quem apagou? E o porquê não poderia entrar lá.
Mas sabe, que por isso quando estou acordado, sempre TENTO, para nunca ficar nessa incerteza. E um dia desanuviarei a atmosfera dessa história.